Planalto vê discurso de rigor contra fraude enfraquecido com Lupi ministro
Integrantes do governo avaliam que permanência do pedetista à frente da Previdência se tornou prejudicial para imagem do governo Lula

O Palácio do Planalto avalia que a permanência do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, enfraquece o discurso de que o governo agiu com rigor no combate às fraudes no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Aliados de Lupi veem um movimento de “fritura”. A expectativa é de que o presidente licenciado do PDT ceda à pressão e entregue o cargo.
Inicialmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) queria deixar a decisão para a próxima semana. Interlocutores, no entanto, agora falam que uma decisão pode ser tomada a qualquer momento. A expectativa é que Lula se reúna com Lupi ainda nesta sexta-feira (2).
A estratégia do Palácio do Planalto para conter a crise tem sido enfatizar que desmontou um esquema de descontos ilegais de aposentados e pensionistas que iniciou em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (PL). Porém, encontra dificuldades para explicar por que o ministro da Previdência demorou para agir para coibir as fraudes.
Lupi foi alertado em junho de 2023 das suspeitas de fraudes, mas levou dez meses até o INSS implementar regras mais rígidas. No período, os descontos ilegais de aposentados e pensionistas seguiram aumentando.
A determinação no governo é sempre destacar que a Controladoria-Geral da União (CGU) começou a auditoria em junho de 2023. Um ano depois, a Polícia Federal entrou na investigação que culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada no último dia 23.
Auxiliares do governo admitem que, embora Lupi não seja citado na investigação, é difícil explicar por que o ministro não agiu imediatamente para interromper os descontos ilegais feitos por associações, que explodiu durante a gestão Lula.
Aliados de Lula apontam que o desgaste de Lupi evoluiu quando o pedetista resistiu a cumprir a determinação do presidente para demitir o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Lupi foi o responsável por indicar Stefanutto, demitido após a investigação. Antes, o ministro havia indicado Glauco Wamburg, que deixou a presidência do INSS ainda em 2023, sob suspeita de uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo.
Ainda na manhã do dia da operação, na semana passada, o presidente ligou ordenando a saída de Stefanutto. A medida era vista como imprescindível para blindar o governo de um escândalo que ainda não se sabe a extensão.
Somente à tarde, passou a circular a partir do Ministério da Previdência a informação que o presidente do INSS havia tomado a decisão de se demitir. O Planalto viu na versão uma tentativa de Lupi blindar o amigo.
A partir disso, o ministro da Previdência foi isolado por Lula na condução da crise e não participou da escolha do novo presidente do INSS, Gilberto Waller Junior. O novo chefe do órgão teve o aval dos ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho.
Fonte: CNN Brasil
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