Decisão de Lula de indicar chefe do INSS protege Lupi, avaliam aliados
Presidente busca nome para resolver crise emergencialmente

Aliados do ministro da Previdência, Carlos Lupi, veem a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de indicar o novo presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) como uma maneira de blindá-lo em meio ao escândalo da fraude dos descontos nas aposentadorias e pensões.
Na prática, a decisão de Lula isola o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que foi o responsável por indicar o agora ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, demitido por ordem de Lula após a operação da Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU) contra fraudes em descontos nos pagamentos de aposentados e pensionistas.
Stefanutto foi indicado por Lupi para substituir Glauco Wamburg, que deixou a presidência do INSS ainda em 2023 sob suspeita de uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo.
Apesar da pressão, Lula tem assegurado o ministro da Previdência, presidente licenciado do PDT, no cargo. Todavia, ao tirar dele a prerrogtiva de indicar o novo chefe do INSS, o presidente sinaliza “reservas” sobre o ministro, cujas duas últimas indicações terminaram com exonerações sobre suspeitas de irregularidade.
Líder do PDT na Câmara, o deputado Mario Heringer (PDT-MG), diz que a indicação de Lula tira o foco do ministro da Previdência. O parlamentar disse que se Lupi for demitido a sigla deixa a base do governo.
“Quando o O Lula puxa responsabilidade vejo como uma proteção a Lupi, tira o foco do ministro. Não vejo como desprestígio”, disse à CNN.
O pedetista disse ainda que as indicações anteriores de Lupi foram chanceladas pela Casa Civil. E que, agora, o novo nome estará integralmente na responsabilidade da Presidência.
“Há um compartilhamento de responsabilidades nas indicações. O ministro indica, mas a Casa Civil diz se aceita ou não. Se houve uma falha de Lupi na indicação foi na crença, ele acreditou em que estava indicando”, disse.
Em audiência na Câmara de Deputados na terça-feira (29), o ministro da Previdência saiu em defesa do ex-presidente do INSS e disse que ele é um técnico “altamente qualificado”.
“O doutor Stefanutto é procurador, quadro de carreira do INSS. Tem PHD, mestrado, um homem altamente qualificado. Eu trabalho muito com intuição, com empatia, com sensibilidade” disse o ministro. “Eu nomeei o doutor Stefanutto. Por isso, eu assumo todos meus atos, ninguém indicou, eu escolhi porque vi nele um preparo inicial para que ele desempenhasse um bom trabalho na Previdência Social”.
No dia em que a Operação contra as fraudes do INSS foi deflagrada, Lupi resistiu em demitir o então presidente do INSS, um dos alvos da investigação. A ordem de demissão partiu do presidente Lula.
Integrantes do Palácio do Planalto falam que Lula quer deixar claro que a crise é no INSS, mas não no ministério.
O presidente, segundo integrantes do governo, procura um nome que capacidade de resolver o problema emergencial.
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