Epígrafe... O endemoninhado Gadareno – “E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes e pelossepulcros e ferindo-se com pedras.” (Marcos 5,5)

A modernidade é um surto psicótico até aqui considerado um sucesso alicerçado em mentiras perenes.

Nunca tivemos que mentir tanto como agora, nesse contemporâneo, graças à extrema proximidade que as redes nos proporcionam e à necessidade de sermos vistos.

Nesse novíssimo jogo simbólico, quem não é visto não é cidadão, não é ninguém.  

Nas redes sociais, mentimos o tempo todo, vendendo uma imagem que nunca tivemos para o coletivo social. É um porre! Casais perfeitos, famílias felizes andando pelo parque com o seu cachorro. Saco! Redes! Cheias de mentiras fabricadas.

Nesse contemporâneo, temos todos uma vida dupla e somos todos roteiristas da nossa vida paralela e falsa das redes.

E o que é ruim pode ficar ainda pior com as redes infestadas de gente aprofundando a saturação da vida, mostrando como preparam o seu café da manhã com cuscuz e ovo.

Milhares de pessoas mostrando suas rotinas comuns como se fossem algo extraordinário.

Até na hora da morte, durante os velórios, postamoso luto e ficamos monitorando as reações dos “amigos virtuais”. Surto.

O que o Evangelho tem a ver com isso? Ele, o evangelho, é a única verdade que liberta.

Quando eu escuto e internalizo, descubro os riscos de querer ser mais o personagem que criei para o coletivo social nas redes do que eu mesmo.

Ao longo de todo esse tempo, ficou provado sim que é possível vivermos a trajetória da nossa existência com uma dupla identidade social.

Esquecemos até o nosso nome.

A desalienação das redes exige um ritual de exorcismo que somente o evangelho é capaz de conseguir.

Os demônios “algorítmicos” precisam ser mandados para os porcos, como aconteceu com o possesso de Gerasa.

“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome?  E ele disse: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.” (Lucas 8,30).

Qual é o nosso nome? Bruno, Marcos, Jorge? Ou Legião Algorítmica?