Luciano Aguiar

LANÇA DO DIABO
O malabarista do Circo Barcelona começou a desabrochar

O artista deixou o picadeiro pensativo em passos curtos, a noite seria longa e tenebrosa. O malabarista do Circo Barcelona começou a desabrochar em lágrimas muito antes de chegar ao camarim; Onélia a “meretriz” avulsa sucumbiu enfronhada na miséria dos seus últimos anos de agonia.
Zé Piaba conheceu a delícia da fruta proibida ainda adolescente pelas mãos mágicas de Onélia e nas entrelinhas da memória arrepiava-se com o vulto da menina moça se requebrando no calçadão de terra batida entre usinas de açúcar da cidade de Murici no Vale do Mundaú.
Quando Zé Piaba saía do grupo escolar sublimava o drama da palmatória caminhando pela beira do rio a pretexto de pegar umas goiabas na casa de seu Nambra, um senhor de traços rígidos e olhos agudos de cristalino azul anil, acomodado na sua cadeira de balanço ao lado de um saco de enxofre de boca arregaçada, um tonel de querosene, e de costas para o Rio Mundaú.
Aos pinotes Zé Piaba ultrapassava a primeira, segundo e a terceira cerca cruzando o quintal de seu Nambra e aterrissando na terra prometida; Onélia estava acolá de vestido curto xadrez, puído pelo tempo e sem calcinha, estendendo roupa no varal nas pontas das unhas no auge de seus 15 anos.
Zé Piaba chegava como cão de caça; rosnando; farejando; encurralando e ajoelhava-se de súbito e de frente a uma xoxota exalando o cio; imaginava-se num porre de lança perfume como os seus Pais; arriavam pelas paredes com o lenço ensopado da dourada argentina.
Nessa noite de labafero Piaba beliscou o anzol do desejo e o baú da menina moça esbugalhou o paraíso de Zé; no dia da Tiborna, cutucava Zé a memória, os peixes boiavam afogados no vinhoto e nós engatados dentro do rio debaixo do bambuzal, esticando o fole pelo gemido de vida desmaiei, foi lida para acordar, lembro-me daquela voz macia no meu ouvido falando: “Onélia mata, mas ressuscita pelo desejo”. Sem fechar o baú, Piaba continuava no aquário da memória; perguntava-se o que belo e rude seu Nambra estava ali no quintal na hora certa, lugar certo a falar do fim da safra das goiabas e cabisbaixo solicitar em segredo a receita manipulada pelo farmacêutico português. Teimava Piaba em silêncio póstumo, mas o absoluto apossava-se do seu raciocínio, a blenorragia que quase o cegou nos porres, veio do rabugento filho de uma puta, tinha parte com o medonho e o saco de enxofre é a prova da lança do diabo.
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