Na noite de 10 de outubro de 1917, em Pedra, no sertão de Alagoas, seguindo um velho hábito, Delmiro Gouveia sentou-se no alpendre de seu chalé, localizado fora do perímetro da vila operária erguida para seus empregados — local onde costumava receber suas amantes — para ler os jornais. O silêncio noturno foi quebrado pelo som de disparos. Gouveia percebeu que havia sido alvejado. Não demorou e tombou. Arrastaram-no para dentro de casa, onde ainda recebeu atendimento. Em meio ao sangue, perguntou pelos "cabras" que fizeram o serviço e morreu. (LIMA JUNHO, Felix. Em Delmiro Gouveia, o Mauá do sertão alagoano – citado por: CÂNDIDO SANTOS MANARD, Dilton. Em O Senhor da Pedra).

Com a morte de Delmiro, o homem, ao longo do tempo, deu lugar ao seu mito — um mito alimentado por diferentes produções culturais, como biografias, filmes, ensaios, crônicas, contos, romances, artigos, exposições e monumentos.

Nascido em Ipu, no estado do Ceará, no dia 5 de junho de 1863, Delmiro foi um importante empresário e visionário, conhecido por suas contribuições ao desenvolvimento industrial do Nordeste, especialmente em Alagoas. Criou um grande mercado em Recife, o Mercado do Derby (1899–1900), e inaugurou a usina hidrelétrica de Angiquinho, em Paulo Afonso (BA), em 1913. Além disso, fundou a Companhia Agro-Fabril Mercantil (CAM), mais conhecida como Fábrica da Pedra, em 1914, sendo pioneiro na produção de linhas de costura no Brasil.

Delmiro Gouveia é lembrado não apenas por sua contribuição econômica, mas também por suas ideias inovadoras. Ele enfrentou a resistência de grandes empresas estrangeiras, principalmente inglesas, que dominavam o mercado de linhas de costura na época. Sua fábrica, a Pedra Factory, tornou-se um marco na industrialização do Nordeste brasileiro.

A antiga Pedra, hoje emancipada com o nome de Delmiro Gouveia (AL), completa 71 anos de história. Antes, um pequeno povoado, a região ganhou importância com a construção da estrada de ferro, que facilitou o transporte de mercadorias e pessoas. No entanto, foi a atuação de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, um empreendedor cearense, que transformou o local em um polo industrial e comercial. Sua visão progressista trouxe infraestrutura, moradia para seus trabalhadores, escolas, serviços básicos como saúde, lazer, esportes, cinema e muito mais.

Atualmente, o município de Delmiro Gouveia (AL) preserva a memória de seu patrono por meio de monumentos e museus que contam sua história. A cidade também se destaca por sua localização estratégica, próxima a usinas hidrelétricas, sendo um importante centro comercial e turístico da região.

Neste 14 de fevereiro de 2025, celebramos os 71 anos de emancipação política de Delmiro Gouveia (AL). A atual gestão tem realizado importantes entregas, como praças, quadras, pavimentação asfáltica, escolas e veículos para as secretarias de Educação, Saúde, Administração e Agricultura. No entanto, não podemos esquecer que, um dia, Pedra foi industrializada e que o progresso e o desenvolvimento chegaram à nossa região.

Precisamos de uma Secretaria de Indústria, Comércio e Desenvolvimento que atue ativamente para trazer, mais uma vez, a industrialização para nossa região. Nosso município precisa fortalecer essa área, gerar empregos, fomentar o desenvolvimento e proporcionar renda para nossa população.

Parabéns, Delmiro Gouveia, pelos seus 71 anos!