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Delmiro Gouveia,19/04/2024

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Famílias de Marielle e Anderson confiam na solução dos assassinatos

Mãe da vereadora e viúva do motorista destacam avanços com delação


Famílias de Marielle e Anderson confiam na solução dos assassinatos © Fernando Frazão/Agência Brasil

Os fatos revelados pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), na segunda-feira (24), referentes à delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018, deixaram a advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle, mais confiante na continuidade das investigações e na possibilidade de se desvendar quem ordenou a execução do crime e qual foi o motivo.

“Estou com uma expectativa muito grande. Foi um avanço. E acho que é possível ter mais detalhes, com essa afirmativa de que realmente o Ronnie Lessa foi o executor, com os requintes de crueldade com que o parceiro dele fala. Estamos vivendo um novo momento, e vale muito a pena continuar acreditando, como sempre acreditei. Eu nunca pensei que não poderíamos chegar aos mandantes”, afirmou Marinete, em entrevista à Agência Brasil.

Mesmo considerando que ainda tem muitos detalhes para serem revelados, a advogada disse que a esperança da família na solução do crime é muito grande. “Estou muito ansiosa, com muita esperança, e a família tem feito isso, tenho dado esse voto de confiança e também perseverado muito que vai acontecer, sim. Esse passo foi superimportante, e vale muito a pena ficarmos atentos e mais confiantes.”

“A barbaridade que eles cometeram precisa ter essa reparação toda e nós vamos conseguir saber o porquê e quem mandou matar Marielle e Anderson”, ressaltou.

A viúva de Anderson, Agatha Arnaus Reis, também espera que, finalmente, o crime seja solucionado por completo, respondendo inclusive às perguntas que ainda estão no ar sobre quem encomendou as execuções e o porquê. Ela acredita que com base nas informações contidas na parte da delação mantida em sigilo, a PF e o MP possam aprofundar as investigações para chegar a quem mandou executar o crime e o motivo. “Eu torço para que sim. Eu sei tudo que o Élcio disse tem que ser primeiro confirmado, em todo um trabalho da investigação, mas eu torço que sim. Também não tenho acesso a tudo, mas estou com muita expectativa de que consiga com as informações que ele já deu o MP e a Polícia consiga chegar ao mandante,” disse à Agência Brasil.

A viúva de Anderson, Agatha Arnaus, confessou que já não tinha esperança de haver avanço nas investigações, mas ressaltou que, com a delação de Élcio de Queiroz, surgiram informações novas importantes para o processo. “Se não tivesse havido a delação, a gente não teria mais um caminho a seguir. Vieram informações novas, e já estava tanto tempo parado mesmo, era a sensação que eu tinha. Já não tinha de onde tirar nada, então, acho que veio a luz no fim do túnel”, afirmou.

Segundo Agatha, a descrição do passo a passo do planejamento e da execução do crime apresentado pelo grupo da PF e do MPRJ mostra que a delação foi comprovada. “Só o fato dele [Élcio] se colocar, assumindo que estava dirigindo [o Cobalt prata de onde foram disparados os tiros] e que estava lá é superimportante. A gente não tinha isso no preto no branco. É uma confissão dele. Não sei se a gente conseguiria prova tão contundente quanto essa. Nos últimos tempos, foi a situação mais importante do processo”, enfatizou.

Para Marinete da Silva, a criação de um grupo na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, que atua em conjunto com o Ministério Público estadual, reforçou as investigações, embora a PF estivesse presente durante todo o processo desde a ocorrência do crime. “A gente sempre caminhou com a Polícia Federal, não intensamente como está agora, com um grupo solo, como está no projeto da Marielle. Já tinha parceria com a Polícia Federal, mas não como está hoje, com um grupo para trabalhar só o processo da minha filha. É diferente, por determinação do ministro [da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino]. É com este olhar diferente do governo que a gente está vivendo, tenho uma expectativa e muita esperança de que a gente chegue, sim, aos mandantes”, afirmou.

Marinete disse que o trabalho já está dando resultado e que vale a pena confiar e acreditar. "A confiança no que está sendo feito é fundamental. Não é fácil. É um processo emblemático, um processo que já tem cinco anos e quatro meses. É claro que muitas provas, e muitas coisas a gente já não recupera, mas o caminho é este. Que alguém fale alguma coisa, e o primeiro passo foi dado. Um dos caras, envolvido totalmente, já falou alguma coisa, e que a gente consiga algo positivo”, acrescentou.

Segundo Agatha, foi a ação mais efetiva da Polícia Federal que provocou os avanços. Ela lembrou que, anteriormente, a PF já havia participado das investigações e disse que não sabe se a motivação de Élcio de Queiroz para prestar as informações foi a presença mais forte desse grupo. “Qualquer esforço, qualquer apoio que a gente tenha na investigação é bem-vindo. O combo deste ano de Polícia Federal, Ministério da Justiça, ministro [Flávio] Dino, foi um combo favorável para que essas coisas rolassem, assim.”

Agatha ressaltou que, se alguém tinha dúvida de que foram eles, não tem mais. O fundamental é exatamente isso. O planejamento, o mentor, teve alguém que financiou, porque não tem outra coisa para a gente achar que alguém tem ódio e cometa alguma coisa daquele tipo, só porque teve raiva ou não gosta. Não tem isso. Então, o mais importante no primeiro passo foi saber que foram eles mesmos”, completou Marinete da Silva.

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